Santa Bárbara em Huancavelica e os campos de mineração de Cerro de Pasco
O Peru não é apenas um país de paisagens vibrantes e coloridas; é também uma terra de cidades congeladas no tempo. Santa Bárbara, em Huancavelica, e os distritos de mineração meio vazios de Cerro de Pasco são testemunhos de um passado marcado pela ascensão da mineração e seu subsequente abandono. Ambos os lugares, agora quase desabitados, convidam o viajante curioso a mergulhar em histórias de esplendor e tragédia, entre montanhas e minas a céu aberto que guardam ecos da memória andina.
História e Contexto
Santa Bárbara (Huancavelica)
Conhecida como a “Mina da Morte”, Santa Bárbara foi um dos depósitos de mercúrio mais importantes da América do Sul durante os séculos XVI a XIX. Descoberta em 1563, fornecia mercúrio para as minas de prata de Potosí, tornando-se um elemento-chave da economia colonial. No entanto, a exploração teve um alto custo humano: milhares de indígenas morreram devido à toxicidade do mercúrio e a acidentes em túneis. Em 1786, um colapso catastrófico soterrou centenas de trabalhadores. Com o tempo, a mina fechou e a vila ao redor ficou deserta.
Hoje, entre as montanhas de Huancavelica, é possível ver casas de pedra abandonadas, uma capela em ruínas, entradas de minas seladas e restos de infraestrutura de mineração, tudo em meio a uma paisagem solitária e assustadora.
Cerro de Pasco e suas cidades fantasmas
Fundado em 1578 como um acampamento de mineração, Cerro de Pasco cresceu e se tornou a capital da mineração do Peru. No entanto, a expansão da mina a céu aberto Raúl Rojas e os graves problemas de poluição ambiental levaram ao despovoamento de muitos bairros. Ayapoto é o exemplo mais emblemático: suas ruas estavam vazias, suas casas fechadas com tábuas e a vida cotidiana interrompida.
Além disso, áreas como Colquijirca preservam vestígios de antigos acampamentos de mineração, onde ainda é possível ver casas de trabalhadores, ruas empoeiradas e vestígios do esplendor da mineração no século XX. Hoje, esses locais representam tanto a riqueza extraída da terra quanto os custos sociais e ambientais que ela trouxe.
Como chegar
- Para Santa Bárbara (Huancavelica):
De Lima, você pode pegar um ônibus para Huancayo (7 a 8 horas) e depois pegar o Tren Macho (Trem Macho) ou um ônibus para Huancavelica (4 horas). Da cidade, um táxi ou um passeio local leva de 30 a 40 minutos para chegar à cidade fantasma. Há também uma caminhada de duas horas saindo da cidade de Ascensión, passando por Callqui. - Para Cerro de Pasco:
Ônibus diretos de Lima (7 a 9 horas). Uma vez na cidade, você pode contratar um táxi ou guia local para visitar as cidades fantasmas e os mirantes a céu aberto.
Clima e melhor época do ano
Ambos os destinos estão a mais de 3.800 metros acima do nível do mar.
- Estação seca (maio a setembro): céu limpo, ideal para fotografia e caminhadas.
- Estação chuvosa (novembro a março): neblina frequente, piso escorregadio e visibilidade reduzida.
As temperaturas variam de 5°C durante o dia a abaixo de zero à noite.
Principais Atrações
Santa Bárbara:
- Cidade fantasma com casas de pedra e ruas desertas.
- Ruínas da capela colonial.
- Ruínas da usina de mercúrio e entradas da mina.
- Mirantes em direção à cidade de Huancavelica.
Cerro de Pasco:
- Bairro de Ayapoto, símbolo da mineração abandonada.
- Mirantes da mina a céu aberto Raúl Rojas, uma das maiores minas urbanas do mundo.
- Acampamentos históricos em Colquijirca.
- Passeios de memória social sobre poluição e realocações.
Atividades recomendadas
- Passeios fotográficos por vilarejos abandonados.
- Rotas culturais guiadas que explicam a história da mineração.
- Visitas a mirantes naturais.
- Turismo vivencial em comunidades próximas a Huancavelica ou Pasco, combinando a experiência com o artesanato e a culinária locais.
Preços de referência
- Passeio de Huancavelica para Santa Bárbara: S/ 50–80 por pessoa.
- Táxi particular de ida e volta Huancavelica–Santa Bárbara: S/ 60–120.
- Guia local em Cerro de Pasco (3 horas): S/ 80–150.
- Passagem Lima–Huancavelica: S/ 70–140.
- Passagem Lima–Cerro de Pasco: S/ 60–120.
Dicas de Viagem
- Traga roupas quentes, luvas, chapéu e protetor solar.
- Aclimate-se pelo menos 24 horas antes de caminhadas extenuantes.
- Por razões de segurança, não entre em túneis ou instalações de mineração.
- Evite contato com água contaminada ou rejeitos.
- Viaje com um guia local para obter informações históricas e se locomover com segurança.
- Traga dinheiro em espécie, pois os sinais e caixas eletrônicos são limitados.
Hotéis Recomendados
- Em Huancavelica: hotéis simples perto da Plaza de Armas, albergues familiares e pousadas rurais.
- Em Cerro de Pasco: acomodações básicas na cidade; para maior conforto, recomendamos pernoitar em Oxapampa ou Huayllay, onde há mais serviços turísticos.
Culinária
- Huancavelica: ensopado de porquinho-da-índia, puca picante, truta fresca e queijos artesanais.
- Pasco: caldo verde, pachamanca, charque com batatas nativas e pães tradicionais.
- Bebidas: chá de coca e muña, recomendados para o mal de altitude.
Roteiro Sugerido (2 dias)
Dia 1 – Huancavelica e Santa Bárbara
- Chegada a Huancavelica, visita guiada à Plaza de Armas.
- Excursão a Santa Bárbara: passeio pela cidade fantasma e mirantes.
- Jantar com pratos tradicionais e descanso na cidade.
Dia 2 – Cerro de Pasco
- Traslado de ônibus para Cerro de Pasco.
- Circuito pelos mirantes do Tejo e visita à cidade fantasma de Ayapoto.
- Degustação da culinária local.
- Retorno a Lima ou continuação para Huánuco/Oxapampa.
Perguntas Frequentes
É seguro visitar cidades fantasmas?
Sim, desde que acompanhado de um guia local e não entre em áreas restritas ou sumidouros.
Há sinal de celular?
O sinal é instável em Santa Bárbara e moderado em Cerro de Pasco.
Qual a melhor época para ir?
A estação seca (maio a setembro) é favorável para um clima estável.
Qual o nível de dificuldade da caminhada?
As caminhadas são moderadas, mas a altitude exige uma boa aclimatação.


